Triptykon-Eparistera Daimones


Se existem duvidas acerca da importancia que continua a ter o Senhor TGW dentro da musica extrema, preparem-se para levar mais um par de estalos.
Depois do regresso com o excelente Monotheist e da sua "saida" dos Celtic Frost o homem aproveitou para não baixar os braços e continuar a aproveitar todo o culto que existe á volta dele.
Culto esse que se não fosse a explosão do BM nos anos 90 provavelmente não teria o impacto que tem hoje dentro dos fans de musica extrema.
Quem realmente assistiu ao surgimento dessa vaga diabolica sabe perfeitamente que as velhas entrevistas de algumas bandas que na altura davam os primeiros passos em quase todas as fanzines tinham quase como dever nomear Hellhammer e Celtic Frost no seu role de influencias e se existiam nomes consensuais eram estes a par de Bathory.
E como nestas coisas as coisas acabam por criar um circulo vicioso e o culto passou de uma pequena minoria para a escala planetaria.
De Emperor até Gorgoroth passando até por Moonspell a banda suiça era uma especie de sombra morbida que envolvia o estilo e se isto no BM seria mais que evidente outros nomes como Obituary tambem os incluiam no seu role de influencias.
Actualmente depois da divisão de Celtic Frost o Tom resolve criar mais um monumental projeto, que bem vistas as coisas tem tudo para se tornar numa especie de upgrade a CF e em especial ao Monotheist.
Com a ajuda de musicos de Fortress, Fear My Thoughts e da desconhecida Vanja Slajh, o musico suiço continua a destilar momentos de negritude epica com uma espantosa envolvencia que só está ao alcance de sobredotados do estilo.
Musicalmente o album roça a perfeição no seu todo e secalhar esta frase chegaria para descrever o album.
As primeiras sensações que se tiram daqui é que isto é realmente um desenvolvimento face ao retorno de CF, já que todos os detalhes que tornam esse album especial se encontram aqui, mas existe mais.
Musicas como "In Shrouds Decayed","My Pain"(quase em terrenos TripHop)ou "Myopic Empire" trazem de volta o passado mais avantgard da banda enquanto outras como a "Goetia","A Thousand Lies","Abyss Within My Soul" ou a brutal "The Prolonging"mostram a banda mais pesada que nunca.
Aqueles riffs hipnoticos e algo caracteristicos da banda estão cá e o Santura consegue acompanhar o mestre com alguma facilidade, já agora por falar nisto os musicos escolhidos para dar "vida" a Triptykon são mais que competentes.
E se na parte mais organica as coisas funcionam realmente bem, os momentos mais ambientais acabam por adensar ainda mais o clima perverso que muitas vezes se encontra tambem nas obras do HR Giger que é o responsavel pelo artwork do album (sobre este procurem os trabalhos do homem não se fiquem pelo 8º Passageiro).
Agora misturem todas estas referencias e terão uma curta preview sonora daquilo que se ouve aqui.
Pesadissimo e fantasmagorico com um enorme manto de escuridão a envolver os temas, sendo que estes relevam as bases da criação dentro da musica extrema na sua vertente mais moderna mas com uma mão a apertar o pescoço ao passado, talvez esta referencia seja mais evidente na "Descendant" onde os dois mundos se unem em perfeição.
Mas se o lado mais metalico seria mais que obvio existe aqui uma musica que acho verdadeiramente fenomenal a "Myopic Empire", não sei se será de mim ou não, mas esta musica lembra-me bastante Alice In Chains, que me parece totalmente influenciada em momentos do Dirt, dito de outra forma se os AiC dessa altura ganhassem mais tonelagem talvez soassem assim e este tema é na minha opinião um dos momentos mais simples e ao mesmo tempo fantasticos deste Eparistera Daimones.
Outra momumental peça de musica é a faixa final, que é aquela que mais se aproxima ao passado da banda e até viola selvaticamente os dominios do Doom|Drone.
Nesta o inicio explosão actua como se estivesse perante o final dos tempos, com uma aura toxica por detrás das vocalizações apocaliticas em tom declamatorio do Tom e assentada numa espiral de riffs que mais parecem uma chuva de meteoritos a cair ao longo de uma paisagem em tons acastanhados e vermelhos...e mais não digo,ouçam.
"Lord have mercy upon me" ouve-se na Goetia, acredito que misericórdia será algo que não terá depois de varias escutas, alias até acho que ficará bem desagradado e invejoso por isto vir do lado de baixo, mas é a tal coisa "Lie upon lie mankind shall die...
Um album realmente fenomenal, intenso,visualmente poderoso,musicalmente perfeito que não cumpre apenas o dever eleva de novo os niveis de ansiedade pelo futuro destes Triptykon, é que quem sabe nunca esquece e quem esquece...bem o tempo encarregar-se-a de fazer o seu dever..
Será certamente um dos albuns do ano e apesar das primeiras escutas não me terem tocado por ai além (talvez pela ansiedade) acho que isto começou a bater a serio agora.
Obrigatorio.
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