Blut Aus Nord-777-Sect(s)


Blut aus Nord são como sabem ou pelo menos deviam saber um dos nomes da linha da frente do movimento extremo atual e a banda responsavel por muito do vanguardismo que se ouve por ai nos dias de hoje, é um ponto assente não vale a pena bater novamente na mesma tecla.
Depois de finalizada a trilogia (invertida) Pai, Filho e Espirito Santo de Deathspell Omega, chega agora a vez de BaN tambem eles desenvolverem um registo conceptual ao longo de 3 albuns, mas ao contrario de DsO vão ser editados todos ainda durante este ano.
Os albuns seguem uma linha supostamente teista onde a numeração ou sinal 777 é o ponto de partida, embora na minha opinião isto passe um pouco mais além..
777 é tal como outras numerações misticas um elo que procura o contacto com o lado divino ou espiritual e se para a religião cristã este numero é a marca de Deus e o sinal que anuncia a chegada do antidoto para a vitoria final do Bem sobre o Mal no apocalipse descrito na Biblia, mas para Blut aus Nord talvez queria dizer outra coisa.
Sempre existiu uma enorme influencia do Aleister Crowley (principalmente nesta ultima fase) sobretudo depois do album The Work Which Transforms God, album esse que será visto como a fase primaria desta trilogia e quem tiver a reedição da Candlelight verá que a numeração 777 está presente na capa.
Ora o 777 aqui descrito tal como esse album e no anterior ep a banda vai buscar inspiração ao movimento thelemista do magico inglês e transforma esse cabalismo esoterico em musica.
Está assim apresentado, embora ligeiramente o outro lado que se supoe desenvolver ao longo da trilogia aqui agora exposta, falta apenas fazer a divisão: Sect(s), seguindo-se o Desantification e tudo se fecha com o Cosmosophy, mas vamos primeiro abrir as portas da Seita..
De acordo com alguns conunicados este album é para ser visto logo apos a faixa "Procession of the Dead Clowns" que encerra o mitico The Work é este o ponto de partida para a sonoridade desconcertante que novamente o projeto se envolve.
Depois do extremo e agoniante Liber I do ano passado onde entraram em dominios demasiadamente negros e complexos que provocaram algum mau-estar psicologico a muita gente a banda une-se novamente com aos pontos viscerais que estiveram por detrás de albuns como o Odinist e o The Work e desenvolve sem muitas mudanças (diga-se sem receio), aquele som que esteve na origem de muito daquilo que veio dar novos rumos á musica extrema.
Os temas continuam bastante carregados de dissonancia e hipnotismo, onde os riffs e batidas são por vezes exploradas quase até a exaustão como se fossemos quase que obrigados a tomar atenção a todos os pormenores, envolvidos e revolvidos sem direito a descanso metal, até mesmo a falsa bateria (já é uma trade-mark) aqui parece soar mais maquinal e fria como nunca antes.
Um album com o numero 777 e resumido em 6 faixas parece que tem tudo para se tornar numa experiência algo viajante pelo ocultismo e claramente atingue esse patamar, soa estranho e invulgar a espaços, consegue criar um efeito de transe entre o ouvinte e a musica.
Por outro lado entram num universo quase cosmico ao pegar em pequenos pedaços que parecem saidos do terrestre MVII atirando-os para uma especie de alienismo que suga tudo á volta como acontece na Epitome I (que possui uns samples no meio que lembram Darkspace), a hipnotica Epitome VI, que para mim é uma das melhores musicas criadas pelo Vindsval até hoje ou na "tântrica" Epitome IV que faz parar o universo lá pelo meio.
Em jeito de conclusão uma obra que (como já é habitual) mostra uma banda que continua á parte de tudo o resto, inumeramente copiada e recalcada por muitos projetos mas que continua a diabolizar a musica extrema como ninguem nos dias de hoje, mesmo parecendo que se está a ouvir um album de trás para a frente, é, ás vezes fica-se com a ideia que isto é um memento musical extremo criado pelo Christopher Nolan, mas tal como o filme cria um efeito absolutamente incrivel.
Imperdivel.

1 comentário:

Vaargseth disse...

Para mim, o melhor trabalho de BAN...