Panic Room - Zyk...
Curta entrevista que dei ao blog 33 Rpm:
http://33rpm-discos.blogspot.pt/2012/06/o-lado-extremo-de-joao-caldeira.html#comment-form
"Que relação existe entre os New Kids On The Block e o metal mais extremo, denso e obscuro que povoa a face da Terra? Nenhuma, responderão de forma categórica! De facto, a distância que separa esses dois universos musicais distintos é tão grande quanto a paixão pela música de João Caldeira que o fez percorrê-la ao longo de um percurso tão curioso quanto díspare. Disparidades e extremos são realmente palavras que poderão caracterizar a colecção e os gostos musicais deste homem de gostos obscuros, mas de assinalável abertura e boa disposição. Partilhando comigo e com muitos outros apaixonados pela música e pelos discos as dificuldades que se levantam à nossa condição quando vivemos numa terriola do interior, afastado dos principais centros urbanos, João Caldeira aceitou o nosso convite para nos revelar o seu asilo de música extrema, diferente e provocadora.
CARTÃO DO MELÓMANO
Nome: João Caldeira
Idade: 35
Coleccionador há:
Desde a juventude que gasto dinheiro em música, mas coleccionar mesmo só uns anos mais tarde é que comecei a olhar para isto de outra forma.
Coração de:
Leão..(risos)…agora mais a sério, gosto sobretudo de música extrema, rótulo que costumo usar para descrever aquilo que mais ouço e mais me agrada que vai desde o Black-Metal, Death-Metal, Sludge e coisas assim, mas não me fico só por ai.
Primeiro Disco:
Os primeiros álbuns que comprei em formato físico mesmo acho que foram o “World Demise” de Obituary o “Dirt” de Alice In Chains e o mcd “The Grotesque” de Benediction. Antes e depois era mais a febre do tape-trading, nessa altura chegava a receber duas a três TDK ou Sony por dia vindas de todo o pais e de fora de Portugal. Não dava para mais e no sítio onde moro era complicado encontrar material. Para além do mais, estamos a falar de um puto no secundário com uma mesada muito estranha, mas acredito que o tal bichinho nasceu aqui com certos sacrifícios que se faziam, alguns até incluíam gastar o dinheiro dos almoços da escola, para comprar as tapes. Estas coisas vistas com esta distância podem parecer parvas, mas era mesmo o que acontecia. Nos dias de hoje é tudo fácil e o pessoal deixou de ter aquele afeto pelas coisas e passou-se a consumir desenfreadamente, o que leva a que muita coisa não tenha aquele sentido “mistico” e até mesmo eu por vezes acabo por cair nessa armadilha e só passado uns tempos e que digo “epah isto merecia ter tido um pouco mais de atenção”.
Último Disco:
Sonne Adam-“The Sun Dead “(7´) e The Great Old Ones-“Al Azif”
Sonho todos os dias com:
Hum, não sou muito sonhador nesse sentido, existem álbuns que gostaria de ter, mas nos dias de hoje com a febre das primeiras edições e tanta pirataria nunca se sabe bem aquilo que se está a comprar por vezes..e depois existem sítios por esse mundo fora que se divertem a tentar enganar o pessoal, é triste mas existem cromos que tentam ganhar a vida assim.
O INÍCIO…
Qual o teu primeiro contacto com a música?
Não sei bem, mas quando era puto adorava os riffs do “Summer of 69” e o “Run To You” do Bryan Adams. Ok pode parecer azeiteiro mas aquilo para mim na altura era o máximo dos máximos! Depois claro, a outra coisa marada que foi a explosão dos Europe..nunca tive nada deles mas cada vez que apanhava as musicas na radio ou tv ficava sempre com as orelhas no ar.
No inico houve alguém que te influenciou ou foste tu próprio que ganhaste este gosto especial de ouvir música?
Na escola onde estudava também andava um rapaz com aspeto assim meio pró metal e achava aquilo curioso, a maneira de vestir e tal, mas lá no fundo nunca me aproximei muito, tentei descobrir as coisas por mim mesmo e o que raio eram aqueles “M” e “A´s” com aquela coisa meio seta no fim e as duas palavras magicas que o gajo escrevia tanto nos cadernos, uns tais de Iron Maiden. Não foi fácil encontrar o som total, mas lá descobri o que era aquilo e lá arranjei uma tape com material de Metallica, Slayer, Anthrax, Manowar e Maiden, que rodou e rodou até a fita se embrulhar toda..e pararam também as parvoíces de dizer que gostava de New Kids On The Block só por causa de uma paixoneta com uma miudita do secundário. A partir daqui tornou-se quase uma paranóia e queria saber mais e mais até que tudo mudou numa visita a Tomar a casa de um familiar. O vizinho estranho e filho do senhorio da casa desse meu familiar um pouco mais velho veio um dia até a casa com os pais e viu a minha t-shirt de Metallica, daquelas com estampado todo manhoso que se compravam nas feiras (sim feiras lol) e perguntou-me se gostava daquilo. Eu fiquei meio atrapalhado e disse que sim, que gostava de algumas coisas. Ele então responde que mais tarde me levava umas coisas para ouvir e ver e fiquei meio naquela..um misto de curiosidade e vergonha, mas quando o moço lá aparece passado um dia com alguns álbuns de Maiden, quase me vieram as lágrimas aos olhos! Primeiro porque fiquei com uma inveja tremenda, e segundo a personagem teve a delicadeza de me gravar alguns álbuns, só me pediu para lhe dar as tapes..algo que daquilo que me lembro devo ter obrigado a família a comprá-las. Ver a capa do “Live After Death” ali à frente com o Eddie e o resto das coisas…! Bem, a partir daqui tudo mudou…e piorou depois com as coisas que os senhores António Sérgio, Gustavo Vidal e Luís Filipe Barros mostravam na radio na altura, bem como alguns programas como o Purgatório Metálico da Covilhã, um outro de Abrantes que nem me recordo o nome, um outro de Almeirim que apanhava só na casa dos meus avos e que se chamava Fogo no Gelo ou algo assim. Depois vieram as fanzines e a troca de correspondência à pala de coisas como o velho Blitz ou revistas de teenagers da altura, que resultavam nesta troca de ideias. Ainda tenho algumas cartas desses tempos guardadas junto com os flyers que se recebiam. Á pala destas conversas escritas, acabei empurrado para o lado mais obscuro e tudo volta a mudar. Bandas que se ouviam até aqui deixavam de fazer quase qualquer sentido e apenas me interessava por coisas ainda mais estranhas, maléficas, caóticas mas que transportava consigo algo bem mais complexo que uma simples sonoridade musical…assim cresce o gosto por bandas de Death-Metal, Black-Metal e sempre com uma vontade louca de descobrir mais e mais e tentar estar a par daquilo que se estava a fazer tanto a nível nacional como lá fora, ideais que se mantêm até hoje com o mesmo fascínio e vontade de descobrir..!
E o teu primeiro disco, como foi essa memória e o que representou na altura?
Não guardo memórias especiais.
Ainda tens esse disco?
Dos que falei, e penso terem sido os primeiros à seria, ainda tenho o “Dirt” de Alice In Chains que continua a ser, na minha opinião, um dos álbuns mais perfeitos até hoje.
A PAIXÃO…
O modo como vês e sentes a música mudou muito ao longo dos tempos?
A música continuo a vê-la da mesma forma como quando comecei, ou seja, sempre a tentar saber mais e mais, ouvir e tentar acompanhar o que vai saindo. Mas naturalmente que as coisas mudaram e hoje em dia é tudo fácil, por vezes até demais. Por falar nisso, e apesar de ser um bocado contra o bloqueio da partilha através da Internet ( que para mim não é mais que uma espécie de tape-trading, retocada aos nossos dias ainda mais numa Era da comunicação global), o fecho de alguns servidores veio trazer ligeiramente um pouco daquele sabor bem lixado de querer encontrar algo e não se conseguir. Ainda há dias andei à procura de um álbum antigo e aquilo que bem há pouco tempo era um trabalho de putos, transformou-se quase numa epopeia de contornos quase trágicos…(risos). Em relação à música propriamente dita, o que se está a passar agora é mais um ciclo dentro do circulo e um retrocesso àquilo que se fazia no passado. Basta ver aquilo que bandas como Ghost têm conseguido. Mas não só, existe também esta espécie de reanimação nuclear do velho Thrash, o Death-Metal está a seguir pelo mesmo rumo etc. e depois convém salientar o outro lado que é a sonoridade meio hibrida que algumas bandas tão bem conseguiram unir, como o caso do Post-Rock que veio dar uma nova dinâmica a estilos como o Sludge ou até mesmo o Black-Metal. Bandas boas continuam a existir e melhor, muitas delas não têm receio de arriscar, destruir ou polir as suas fórmulas…se resulta ou não estamos cá para tentar compreender. Toda a música vive de ciclos e fórmulas umas mais explícitas que outras, mas aquilo que ontem era uma idiotice, amanhã pode ser a next-big thing, bem como o contrário, e temos exemplos claros disso. O mais importante para mim é tentar encontrar algo que nos identifique com aquilo que ouvimos, nada mais interessa na minha opinião.
Como é que as pessoas que te rodeiam e que conhecem esta tua paixão vêem o facto de teres tantos discos e itens relacionados com música?
Moro no interior e poucas pessoas conhecem a minha colecção, apenas família e amigos próximos. Nem ligo muito a isso, é algo como aquele programa da TSF “Pessoal e Intrasmissivel”, ninguém tem nada com isso, mas muita gente continua a ver-me meio de lado por gostar de me vestir de preto e tal. Alguns até devem julgar que pertenço a alguma seita apocalítica ou algo do género (risos), mas sinceramente don´t give a fuck, não devo explicações a ninguém e como também não gosto de julgar os outros, também gosto que me respeitem. Se não gostam sigam o seu caminho que eu sigo o meu.
Compras um disco e quando chegas a casa qual é o teu ritual?
Nos dias de hoje, tirando alguns títulos, só compro aquilo que gosto, ao longo dos anos já apanhei alguns barretes brutais (ex: olá Kreator ou Paradise Lost ) para ter juizinho nestes tempos de crise, mas continuo a adorar abrir aqueles packs e depois ficar a olhar para o artwork da coisa, que é algo a que continuo a dar bastante importância ás vezes (não sou do tipo de comprar algo somente pela capa, embora já o tenha feito no passado ), e hoje em dia estranhamente as bandas começaram a aprumar-se mais no sentido estético da coisa ,o que me agrada bastante diga-se.
Tens algum cuidado em especial que queiras partilhar sobre limpeza e conservação dos discos?
O normal, não sou nenhum nerd da coisa, tento ter o cuidado necessário, empresto raramente, alguns até ainda têm os plásticos originais.
De que forma organizas e arquivas a tua colecção?
Não tenho nenhum cuidado especial, já tentei organizar por estilos, mas depois fiquei sem vontade de continuar porque depois ao ouvir ou a consultar alguma coisa, acabava por me perder no meio…(risos).
Quantos discos tens no total, considerando todos os formatos físicos?
Registados no site Discogs tenho quase mil, mas muitos ainda nem os coloquei lá ou então ainda não tem referência. É uma das desvantagens ou vantagens de ser possuir algumas bandas trve-underground da Tasmânia (risos),…mas na totalidade, incluindo tapes, seguramente passam dos 1500.
Qual é o item ou os itens que mais destacarias da tua colecção seja pelo afecto que representa, seja pelo próprio valor comercial ou em termos de raridade?
Talvez o mais raro que tenho actualmente seja mesmo uma das 1000 originais copias do “The Awakening” dos suecos Merciless editado pela Deathlike Silence. Mas isto acaba por ser muito relativo, já que a desvalorização ou valorização por vezes ocorre quando um estilo está mais em alta e actualmente o Death sueco está ali a furar em todo lado e as coisas vão de Trap Them até Tribvlation. Depois existem álbuns que considero marcantes mas são muitos para nomear desde Neurosis, Deathspell Omega acabando em Tool.
Alguma vez perdeste a cabeça a nível monetário na aquisição de um disco? Qual o valor que gastaste?
Já dei 60 euros por uma das primeiras edições em digipak de Darkspace, 50 euros por um ep de covers de Black Sabbath feito pelos Thou, custou-me dar 30 euros por uma edição toda fluorescente do Lateralus de Tool, mas hoje em dia vale o dobro nalguns sítios. Comprei uma vinil box de Deathspell Omega que foi cara como o raio, mas valeu a pena porque são bandas que gosto e de certa forma me identifico com aquilo que fazem.
Tens alguma banda em particular que tentas ter, não só os álbuns oficiais, mas também singles, ep´s, maxis e bootlegs?
Ui, inúmeras! Aliás, tenho bastantes discografias completas…a ultima que completei foi a dos israelitas Sonne Adam e de Antediluvian do Canada.
Em média, quantos discos compras por mês?
Atualmente ando meio de relações cortadas com algumas editoras, tento sempre comprar directamente às bandas. Bendita à hora em que foi criado o paypal e o bigcartel. Na minha opinião mais vale ajudar os músicos diretamente do que aquilo que está por detrás.
Onde costumas adquirir os teus discos?
Sobretudo na net e fora de Portugal, por cá só mesmo material às bandas ou então em segunda mão, mas se dantes o pessoal era meio estupido e vendia assim naquela, hoje alguns já não vão nisso e inflacionam os preços..
Sei que resides numa pequena vila, no interior do país. É fácil ser colecionador de música por aí, principalmente de géneros tão específicos como aqueles que tens na tua colecção? Deduzo que o carteiro seja o teu melhor amigo (ou inimigo)…
Não é fácil mas a net ajuda e claro, o Sr. Rodrigues já se tornou um habitué dos “pacotinhos” que vêm da Finlândia dos USA ou da Australia. Ele acha isso engraçado.
Qual o local mais improvável onde adquiriste discos?
Hum…acho que nunca comprei álbuns em sítios estranhos.
A(s) melhor (es) aquisição (ões) de sempre, aquele dia glorioso em que voltamos para casa ainda a nos beliscar se realmente aconteceu?
Falando de coisas que realmente gosto, talvez quando recebi o picture disc do “Dark Blood Rising” dos suecos Diabolicum aqui há uns anos, o vinil do “Maranatha” de Funeral Mist (que nos dias de hoje considero um dos álbuns mais marcantes de BM feitos até hoje), algumas edições de Neurosis limitadas, enfim inúmeras coisas..
Qual é o teu Top dos melhores discos de sempre, aqueles que independentemente do género aconselhas todos a ouvir antes de morrermos pelo menos uma vez?
É complicado para mim fazer uma simples lista, ouço muita coisa e gosto de muita coisa para recomendar alguma, e depois depende também do estado de espirito. Mas essenciais mesmo vou deixar aqui alguns que considero mais marcantes nos dias de hoje dentro das sonoridades mais extremas e tentar não cair cliché da coisa do passado é que era: Começo pelos canadianos Mitochondrion, Portal e os neo-zelandeses Ulcerate que conseguiram transformar todas as regras de um estilo que aparentemente estava moribundo, confirmando aquilo que o senhor Schuldiner disse uma vez “you can´t kill Death-Metal, because it´s already dead”. Depois temos nos territórios mais negros, Watain que conseguiram pegar naquilo que os mestres Dissection deixaram e elevar as coisas a um novo patamar. Goste-se ou não, a banda continua ou parece continuar fiel ás suas raízes e ideias. Leviathan dos US que são sem duvida um dos projectos mais surreais alguma vez criados, depois Dodsengel e Cult of Erinyes também merecem alguma atenção e claro, Deathspell Omega e Blut aus Nord que á sua maneira conseguiram transformar e baralhar todo um universo aparentemente intocável para muitos e com resultados brilhantes, ou não fossem eles talvez os grandes responsáveis e donos das muitas influências de muito daquilo que se ouve em álbuns actualmente . Depois existe o lado mais cáustico aberto por bandas como Neurosis e que hoje tem dignos representantes como o caso de Amenra, os suiços Rorcal, os italianos Hierophant, o excelente regresso de Amebix ou até os nossos Process of Guilt..enfim muita coisa boa que se vai fazendo actualmente e que talvez daqui a uns anos estejam no mesmo pedestal daqueles álbuns que actualmente fazem parte e são incontestáveis dentro das sonoridades mais extremas..falei destes, mas certamente muitos outros nomes ficam de fora. Costumo dizer ás vezes “tentem descobrir por vocês mesmos os novos DMDS ou os Masters , que a velha formula continua bem viva basta procura-la, e ás vezes sabe bem”.
PREFERÊNCIAS…
Vinil, CD ou Cassete?
Vinil e cd, a cassete coloquei um pouco de lado, mas estão de regresso pelos vistos.
Vinil preto ou colorido?
Sem preferência
Picture Disc ou 180gramas?
Picture Disc.
Gatefold ou capa Simples?
Gatefold sem dúvida
Formato 12” , 10” ou 7”?
Sem preferência.
Jewelcase ou Digipack?
Digipak.
Primeira prensagem ou reedição luxuosa?
Hum, ambas, mas as primeiras sempre dão aquele toque especial.
Lojas físicas ou Internet?
Ambas.
SAÍDA DE ÁUDIO…
E para ouvires os teus discos, que artilharia pesada utilizas?
Uma aparelhagem da Sanyo já com uns anitos (mas a bombar ainda) ligadas a umas colunas (caras como o raio) da Logitech.
Tens o teu lado audiófilo ao nível do HI-Fi ou apenas gostas de ouvir musica desde que soe bem sem te preocupares muito com a busca do som ideal?
Pleasure Is Pain
Há algum instrumento que te cative mais quando estás a ouvir musica?
Não.
Tocas ou gostarias de aprender a tocar algum instrumento?
Não.
AO VIVO…
Primeiro Concerto?
Deicide/Suffocation/Konkhra Voz do Operário (ainda tenho o bilhete)..como dá para ver foi mesmo uma coisa em grande e foi a prenda dos meus pais por ter tirado a carta e código á primeira.
Melhor concerto de sempre?
Nem sei, mas o último que me tocou bem cá dentro foi Mayhem, em Corroios.
Concerto de sonho?
Neurosis, sem dúvida ainda me faltam esses.
Que banda gostarias de ver ao vivo e que já não vai ser possível?
Hum talvez mesmo Death, Brutality ou Sepultura dos tempos do Arise, aqueles concertos eram míticos na altura, etc,etc
LITERATURA
Tens por hábito comprar livros, revistas ou fanzines de música? Qual a tua publicação favorita?
Livros de alguns assuntos que goste como simbologia, religião ou aquelas coisas meio estranhas ligadas ao oculto. Revistas sou assinante da Terrorizer e da Zero Tolerance e compro a Loud! E zines já não compro nenhuma há uns tempos.
O que lês neste momento e o que aconselhas?
De momento nada.
Tenta definir o que te vai na alma por escrito sobre esta nossa paixão?
A musica é uma Arte e quando feita com alma iremos fazer parte dela…uma curta ramificação daquilo que realmente somos."
Premonições-Bölzer
Premonições-Samothrace - Reverence To Stone
Premonições-Evoken-Atra Mors
Göatfukk-Procession of Forked Tongues
"Procession of Forked Tongues", mereceu por aqui o premio de melhor album nacional do ano passado, mesmo não tendo saido oficialmente na altura o material que compoe este ep, merece e continua a merecer alguma divulgação, já era para o ter feito, mas deixei acalmar um pouco as coisas para ver se isto volta a ter alguma curiosidade por parte de alguns de vós.
Os Göatfukk são na minha opinião uma das mais interessantes bandas atualmente dentro do movimento europeu e mesmo não tendo uma maquina promocional por detrás ou nomes que agradem ou chamem muito, a união que existe nesta maquina de terrorismo extremo acaba por deixar a musica falar por si e bem vistas as coisas é isso que realmente acaba por importar.
São seis faixas mais uma cover de Wolfpack (que finaliza o album), onde a banda (agora com algumas alterações de line-up) prova que ainda se vai fazendo algo de interessante nestes tempos onde tudo parece igual.
A sonoridade é um hibrido que percorre varias areas extremas que vão desde a crueza Punk-Crust n´Roll e acabam naquele BM de tendencia mais suja do atual d-beat, embora aqui o som não seja aquele necro-qualquer-coisa como poderá deixar a entender, nesse contexto sobra somente parte lirica do ep, algumas linhas totalmente dedicadas ás velhinhas das missas de Domingo..
Aproximam-se bastante dos ambientes de uns Craft, embora aqui com aquele tal sabor anarquico que falei em cima e a propria produção é poderosa quanto baste, ouçam por exemplo a selvajaria de uma We Are The Spear, a Black Candles Burn ou até mesmo a cover de Wolfpack para terem uma ideia.
Destaque tambem para os excelentes vocais do W. (minha opinião talvez o seu melhor registo até hoje nestas lides), mostrando a sua força no meio deste som ferrugento e cravando literalmente os pregos na cruz do Senhor, superando mesmo o material de Decayed na minha opinião, tambem não era dificil, diga-se..mas embora as sonoridades diferentes, o line-up que vomitou isto está totalmente noutro nivel.
Extremo mas ao mesmo tempo cativante, este ep é daquelas coisas que dão um prazer tremendo ouvir bem alto, porque tudo parece fazer sentido e o proprio som tem tiques de alguma originalidade, talvez devido mesmo aos projetos por onde estão ou estiveram os musicos aqui presentes, mas as coisas acabam por soar eficazes no final.
E sinceramente não encontro muitas bandas atualmente que se enquadrem neste tipo de som ou que provoquem aquele estranho sentido de podridão vs entranhamento com esta perspicácia e direi até mesmo inteligencia, mesmo sabendo do alto teor alcoolico que isto acaba por ter.
Sem qualquer duvida uma das melhores bandas atualmente em Portugal, só espero é que as coisas não se percam a partir daqui...
O ep ainda está a venda se gostarem fica aqui o mail: Orders (7€ + shipping costs): goatfukk@hotmail.com
Premonições-Chrome Waves-Chrome Waves
Named after a Ride song and featuring members of The Atlas Moth, The Gates Of Slumber, and Nachtmystium, Chrome Waves might give the impression of being another metal/shoegaze crossover. And, yep, that’s pretty much what Chrome Waves is. The strength of the group’s self-titled debut, though, lies in how organically and dynamically it handles that crossover; unlike the blackened blur of Deafheaven, Chrome Waves lets its tsunami-like riffs and majestically despondent songs actually breathe (or hyperventilate, as the case may be). Chrome Waves comes out July 3 on Gravedancer Records, which has graciously let us debut one of the album’s most arresting tracks, “Height Of The Rifles.”
CHROME WAVES is:
Stavros Giannopoulos (The Atlas Moth, Twilight)
Jeff Wilson (Nachtmystium, Wolvhammer)
Wrest (Leviathan, LoC)
Bob Fouts (The Gates of Slumber, Apostles of Solitude)
Orloff-Swamp of the Ravens (demo)
Uma das demos que mais tem rodado por aqui é a de Orloff banda originaria do estado do Louisiana (US) que este ano se preparam para lançar o seu primeiro album atraves da Razorback Records.
O que temos aqui é mais uma banda de Death-Metal daquele que remete para o passado puro e duro do estilo, mas o que torna aqui as coisas bastante interessantes ao longo dos temas é o inteligente uso de alguns instrumentos (mais ambientais e estranhos) que acrescentam um toque algo creepy e liturgico ás musicas.
Os temas são muito bons e os solos por lá contidos lembram em dados momentos aquele DM criado por bandas como Gorguts ou Brutality embora aqui e devido ao estranho fator que mencionei em cima os ambientes se transformem numa trovoada mais infernal.
São apenas três faixas que podem ouvir em baixo...mas uma banda a ter em atenção nos proximos tempos, isto se gostam de Death-Metal compassado e carregado de referencias horrorosas vindas do lado mais cinematográfico do seculo passado.
CRUCIFIED MORTALS-The Late Night Butcher OFFICIAL VIDEO
Taken from the upcoming split 7" EP, available summer 2012 on Doomentia Records.
Azoic-Gateways
A Islândia não sendo propriamente um país dado a grandes revelações musicais ao longo dos anos dentro das sonoridades mais extremas, nestes ultimos tempos mostra duas das mais interessantes propostas dentro do BM atual: os Svartidauði e estes Azoic.
E se os primeiros seguem as linhas mestras do estilo, Azoic consegue criar uma sonoridade estranhamente envolvente onde o BM se funde com uma enxurrada de influencias que vão desde as dissonancias atuais que quase todas as bandas passaram a reclamar um pouco para si, como não receiam de ir ao encontro de outras linhagens que lembram a base daquilo que algumas bandas mais vanguardistas francesas criaram ao longo do tempo ou o atual Blackened Sludge americano, mas nem só, convém salientar igualmente o facto da banda se agarrar um pouco tambem ao lado mais surreal explorado por algumas bandas de Death-Metal mais recentes, embora numa toada mais limpida e lamacenta..lembrando por vezes uma mescla entre aquilo que uns Mgla e Ulcerate criaram nos seus ultimos registos ou dito de outra forma um pouco como Dodecahedron fez no seu primeiro registo embora me pareca que o material de Azoic seja de qualidade ligeiramente superior.
Complexidade musical e algum dramatismo sonoro envolvem-se e criam um album que transpira hipnotismo com uma interessante originalidade que rebusca muito daquilo que atualmente de melhor se vai construindo dentro destas tendencias, conseguindo cativar de uma forma estranhamente honesta o ouvinte, o que nestes tempos onde tudo se explora (com bons ou maus resultados), por si só já é uma enorme vantagem.
Pelas imagens são uma banda jovem, mas depois de ouvir a maturidade musical que aqui mostram sinceramente posso estar enganado mas este projeto ainda vai dar muitissimo que falar nos proximos tempos...
Só mais uma coisa para finalizar este trabalho é gratis (o link está em baixo) mas podem ouvir já aqui duas faixas desta preciosidade.
P.S.-Obrigado ao Haxan do blog (http://forevercursed.blogspot.pt/) que me mandou isto...dude realmente isto vale a pena, thanks!
http://www.mediafire.com/?0zp4myhptz9dc26
E se os primeiros seguem as linhas mestras do estilo, Azoic consegue criar uma sonoridade estranhamente envolvente onde o BM se funde com uma enxurrada de influencias que vão desde as dissonancias atuais que quase todas as bandas passaram a reclamar um pouco para si, como não receiam de ir ao encontro de outras linhagens que lembram a base daquilo que algumas bandas mais vanguardistas francesas criaram ao longo do tempo ou o atual Blackened Sludge americano, mas nem só, convém salientar igualmente o facto da banda se agarrar um pouco tambem ao lado mais surreal explorado por algumas bandas de Death-Metal mais recentes, embora numa toada mais limpida e lamacenta..lembrando por vezes uma mescla entre aquilo que uns Mgla e Ulcerate criaram nos seus ultimos registos ou dito de outra forma um pouco como Dodecahedron fez no seu primeiro registo embora me pareca que o material de Azoic seja de qualidade ligeiramente superior.
Complexidade musical e algum dramatismo sonoro envolvem-se e criam um album que transpira hipnotismo com uma interessante originalidade que rebusca muito daquilo que atualmente de melhor se vai construindo dentro destas tendencias, conseguindo cativar de uma forma estranhamente honesta o ouvinte, o que nestes tempos onde tudo se explora (com bons ou maus resultados), por si só já é uma enorme vantagem.
Pelas imagens são uma banda jovem, mas depois de ouvir a maturidade musical que aqui mostram sinceramente posso estar enganado mas este projeto ainda vai dar muitissimo que falar nos proximos tempos...
Só mais uma coisa para finalizar este trabalho é gratis (o link está em baixo) mas podem ouvir já aqui duas faixas desta preciosidade.
P.S.-Obrigado ao Haxan do blog (http://forevercursed.blogspot.pt/) que me mandou isto...dude realmente isto vale a pena, thanks!
http://www.mediafire.com/?0zp4myhptz9dc26
Amon-Liar In Wait
E finalmente (pelo menos para alguns) aqui está o tão aguardado "renascimento" de Amon, nome associado aos primordios de Deicide e que esteve ou melhor tambem fez parte da fase embrionaria do movimento DM vindo da Florida nos anos 90.
O que temos aqui é um 2 menos 2, já que dá formação original apenas podemos contar com os insanos e alucinados (musicalmente) irmãos Hoffman, que resolveram reativar esta maquina diabolica depois da polemica saida de Deicide.
A eles juntam-se outros dois membros vindos de Success Will Write Apocalypse Across the Sky (ou SWWAATS para abreviar a coisa) neste caso o vocalista Jechael e o baterista Mike Petrak e se a banda de onde vêm até nem é nada de mais na minha opinião, aqui este quarteto ao unir-se com a irmandade Hoffman não só resulta como cria aqui um dos albuns mais potentes dos ultimos tempos de DM de tendencia norte-americana na minha opinião.
Quem conhece as fantasticas demos que originaram o Feasting The Beast, sabe que aquele material continua uma referencia dentro do som mais extremo dos anos noventa, conseguindo soar ainda nos dias de hoje bastante originais, mas o que temos aqui pouco ou nada tem a ver com o que se explorou nessa altura digamos que isto é uma especie de atualização que fica ali entre os primordios de Deicide com aquilo que se fez depois.
A violencia imprimida pela banda é um fator de destaque e os vocais do Jechael funcionam muito bem, alias acabam por surpreender um pouco porque conseguem dar aquele toque decadente no meio do excelente desempenho da banda liderada pelos manos Brian e Eric que aqui se aplicam a fundo, como que querendo mostrar a uma certa personagem com uma cruz na testa que afinal ainda conseguem escrever temas brutais e tocar como se estivessem parados no meio do movimento inicial do estilo, aliás este é outro pormenor que me agradou bastante já que os duelos de guitarras e aqueles solos perfurantes e tecnicos ainda continuam a criar aquele efeito perverso e quase orgasmico que acaba por diabolizar os temas e isso é algo que pouco se ouve nos dias de hoje e se foi perdendo ao longo dos tempos, mas aqui recuperado com mestria por estes musicos, o que me leva a crer que aquela historia do quem sabe nunca esquece ainda continua a fazer sentido.
È um album curtinho e direto ao assunto sem rodeios ou truques que funciona na plenitude, poderá não ser algo de especial para os dias de hoje onde as bandas tentam fazer as coisas ora olhando para o lado mais necro ou para o exacerbado tecnicismo, mas para quem recebeu um pouco daqueles ares nos idos noventa tem aqui um quase flash-back a maneira.
É que faixas como as violentas Liar In Wait, Sentience and Sapience, ou a espectacular Semblance of Man , têm uma aura estranhissima e acredito que vão fazer vir ao de cima um dos pecados mortais (Inveja) a uma certa personagem chamada Glen Benton.
Benvindos de volta manos Hoffman, excelente album mesmo!!
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