Evoken-Atra Mors


Falar de Evoken hoje em dia para mim é falar de algo que simplesmente ultrapassa o simples ato por vezes penoso de desconstrução mental que cada gotícula gerada por esta soturna entidade emana ao longo dos albuns é muito mais que isso, e o novo album Atra Mors não só desenvolve ainda mais este estranhissimo fascinio como consegue ainda piorar mais as coisas adensando-as e sufocando-as como poucos albuns dentro deste estilo conseguem (Morgion, Skepticism, Dolorian etc) fazer na minha alma.
Sim falei em alma porque é disso que aqui se vai falar, ouvir e sobretudo sentir.
Quem tem seguido a banda ao longo destes anos sabe bem aquilo que conseguem fazer dentro da espiral de misantropia, sofrimento e desilusão (adjectivos que corrompem e agoniam toda a nossa existencia), transformando todo esse sentimento desumano ou humano (como preferirem) em algo que deixa de ser um simples "fogo que arde sem se ver" para nos deixar envoltos em chamas e ao mesmo tempo sendo esfaqueados por picos de gelo que nos trespassam o corpo.
Como já deu para entender Evoken não é uma banda facil e percorre as linhas mestras daquele Death-Doom que tanto suor frio provocou no meio da decada de 90 por nomes como My Dying Bride e outros como os que falei mais em cima no texto, só que a diferença aqui é que o som mesmo não parecendo sofre um upgrade total, ganha ainda consistencia, a negritude é equivalente á esperança (que por vezes se sente mais nos solos mais melodicos) o que torna este album numa daquelas peças muitissimo perigosas se nos enrolar naqueles momentos em que estamos mais em baixo, lembro-me perfeitamente de uma noite á bem pouco tempo em que meti o album a rodar e dei comigo de cabeça baixa e totalmente moribundo como que se tivesse recebido a pior noticia da minha vida...
E se nos primeiros toques o album parece seda a deslizar pelo corpo á medida que o album vai ganhado ainda mais vida essa mesma seda transforma-se em cardos espinhosos que nos deixam pregados a algo imaginario, nada agradavel mas bastante palpavel.
O album cresce de uma maneira que quando damos por ela estamos a ser esmagados mentalmente por uma complexidade de notas musicais vestidas de cordeiro mas com alma de lobo, isto para usar uma comparação meio parva e surreal perante a monumental descarga de emotividade que estes seis senhores vindos de Nova Jersia nos atiram para cima.
Impossivel destacar uma faixa, mas a "The Unechoing Dread" , a "An Extrinsic Divide", ou a soberba "Into Aphotic Devastation" (uma das melhores faixas da banda até hoje) somente para destacar três são para serem consumidas com alguma reserva é que tal como diz este verso numa delas It has always been the illusion of life, for this is my sole moment, it is the moment of my death... ás vezes ouvimos coisas que nos querem meter seis palmos lá em baixo e mais estranho se torna quando toda esta beleza macabra corresponde a uma sombra demoniaca que nos deixa sufocados e a beira do abismo..
Resumindo que mais se pode pedir á banda do John Paradiso?
Nada, mas esse nada é tudo aqui!
Perfeito, magico, envolvente de tal maneira que quando damos por ela estamos paralizados de medo com aquilo que ouvimos...


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