Morbid Angel-Illud Divinum Insanus


"Este album é uma porcaria!!!"

Talvez seja a frase que mais têm ouvido nos ultimos dias para descrever o novo album de Morbid Angel e aquele que marca o regresso do David Vincent á banda.
E se por um lado nos ultimos anos este retorno do "Lord of All Fevers & Plagues" á banda era visto como o autentico sonho molhado realizado de todos os fans da banda sejam eles antigos ou novos, muito se começou a especular.
Primeiro as declarações do Trey acerca daquilo que se estava a desenvolver no Illud Divinum Insanus, palavras essas que por si só chocaram de frente com qualquer seguidor da banda.
O passado recente do David em Genitortures, as suas participações em Soulfly e no album do Karl Sanders tambem ajudavam a criar ainda mais urticaria nos fans e claro a falta do "polvo" Pete Sandoval que logo aqui tambem daria a ideia que o som seria tudo menos um album de Morbid Angel...
Ora mencionados alguns pontinhos daquilo que foram os ultimos anos de Morbid Angel, a pergunta que se colocava era estaria o Trey com capacidade suficiente para manter a maquina bem oleada?
Mesmo sabendo-se que agora estaria ao seu lado o Hetfield do Death-Metal seria isto suficiente para que Morbid Angel voltasse com força para ombrear com os autenticos repteis que nos ultimos anos usurparam o trono aos mestres?
A primeira amostra "Nevermore" dava a ideia que sim, mesmo sendo somente conhecida a sua faceta live, tudo dava a entender que o album não só os colocava onde merecem estar como desta vez tavez fossem eles os repteis a soltar a lingua para apanhar todas as moscas á volta...
Mas...
Sim, mas, quando se começou a falar em remixes parece que tudo caiu, mesmo sabendo-se que no passado foram alvo de atração morbida por parte de Laibach e de remisturas num estranhissimo album da Earache, parece que toda a gente se esqueceu de muita coisa ou simplesmente a desconhecia e seguiu a corrente do bordoada na banda.
Choca a banda ter optando por seguir este caminho num album em nome proprio?
Não, não choca e uma das trade-marks da banda continua a ser "extreme music for extreme people" que aqui é levado ao extremo dos proprios fans.
È conhecido o gosto do Trey com alguma musica mais maquinal e até o novo guitarrista Anders foi a força motriz de dois dos mais insanos projetos que há memoria na junção de elementos eletronicos com Death-Metal, falo claro de Myrkskog e Zyklon, logo aqui se nota que talvez a escolha do norueguês não tenha sido algo á toa para se movimentar junto com o banda nesta nova abordagem musical de Morbid Angel.
Alias estas coisas de mudança sempre estiveram ligadas á banda, senão veja-se os passos dados entre o primeiro album Altars of Madness e o Domination.
Conseguem ver semelhanças entre eles?
Não me parece e se existiu um caminho normal esse foi quando o David saiu da banda, mas convem lembrar que esses anos não foram lá muito famosos para a banda e para os proprios fans.
Ora se Morbid Angel sempre foi uma banda de extremos e de certa maneira alguma inovação algo de diferente sairia da cabeça daquela gente..não seria de esperar outra coisa, pelo menos da forma como sempre os vi e vejo.
Mas esta inovação não vai ser muito bem aceite pelos fans, ponto assente e não é preciso muito para chegar a essa conclusão basta ouvir o ritmo maquinal de uma Too Extreme totalmente influenciada pelo Dark-Trance que aqui se transforma numa hipnotica e destrutiva repetição de batidas e blasts com solos enfiados á força pela dupla de guitarristas deixando a voz do David entrar em devaneios que lembram projetos como Psyclon Nine ou Static-X.
Refeitos do choque inicial a banda segue então para o rumo mais normal aplicando uma Existo Vulgoré sem dó nem piedade dando a ideia que aquilo que se ouvi inicialmente foi um pequeno pesadelo sonoro, aqui a banda quase retoma aos tempos do Covenant e o riso do David lá pelo meio parece que dá a ideia que o homem está a imaginar a nossa cara ao ouvir a transformação que se se aplicou nestas duas faixas..
Segue-se uma Blades for Baal que é somente uma das melhores faixas do album, mostrando que afinal a banda ainda sabe fazer Death-Metal, igual aos seus tempos gloriosos e nem precisa de se esforçar muito para lá chegar.
Portanto temos duas faixas boas e uma assim-assim, não está mau.
Só que a partir daqui é que a porca torce o rabo..segue-se um abrandamento em toada semi-sludge que remete para os tempos do mal amado (na altura) Domination com uma parte vocal mais vincada e lenta onde o Trey se diverte com uns solos bastante interessantes lá pelo meio e onde o Tim desenvolve um excelente trabalho na bateria, deixando de lado os estoiros limitando-se a seguir as linhas vocais do vocalista.
Uma curiosidade, sabiam que uma das maiores "influencias" das linhas de guitarra dos Korn foi Morbid Angel?
Se não sabiam escutem bem aquilo que eles fazem na 10 more dead e depois ouçam o Untouchables..se gostaram desta talvez comecem tambem a gostar de Korn..ou mesmo de Slipknot e não, não estou a brincar.
Mas se nunca pensariam que iriam ler a palavra Korn ou Slipknot numa critica a Morbid Angel, preparem-se que isto ainda vai a meio.
A "Destructos Vs. the Earth / Attack", apesar de ser a mais orelhuda do album parece ter sido feita com base depois de uma noite de Bondage entre o David e a Gen.
De uma maneira curta e direta isto bem podia ser uma cover de Genitortures, alias isto é estranho e bizarro e não encaixa na sonoridade de Morbid Angel por mais que se tente ou queira, mas eu adoro ouvi-la mesmo assim, vá lá saber-se porquê.
Mas esta tanto tem de pavor como de vicio o mesmo não se pode aplicar na Radikult, ainda estou para perceber como é que foi possivel meterem isto no album, e ainda não encontrei uma explicação com logica, alias isto ultrapassa qualquer logica, é um autentico ponto de exclamação no album.
Imaginem o Rob Zombie e o David em dueto e os Marilyn Manson (todos completamente bebados) a tocar uma musica qualquer deles onde se vai ouvindo qualquer coisa que acaba em "living hardcore radical"...provavelmente a pior musica de sempre de uma coisa qualquer que aqui optou pelo nome de Morbid Angel.
Saltei algumas porque não queria acabar a critica com aquilo em cima, musicas como a Nevermore a Mea Culpa e especialmente a Beauty Meets Beast não mereciam de maneira nenhuma estarem lado a lado com aquela aberração de cima, sendo que a Beauty é uma das melhores faixas do album e onde se encontra tudo o que de bom que a banda criou nas ultimas decadas, poder, groove, solos fantasticos e uma voz demoniaca com aquela roquidão cheia de carisma do David bem focada em ambientes obscuros.
Já a Mea Culpa seria o lado mais natural e logico que se esperaria depois de ouvir ao que vinham e onde se encontra a tal junção entre o lado maquinal com a sonoridade Morbid Angel e onde se absorvem todas as influencias trazidas pelos novatos Anders e Tim, mas convem dizer que um album todo tocado neste ritmo seria algo parvo porque os Morbid Angel não são os The Amenta ou The Berzerker como tambem já deviam juizinho para não cair em tentações digamos demasiadamente banais para os mais atentos ao que se vai fazendo nos ultimos anos dentro do lado extremo.
Mas isto tambem acaba por ser um pau de dois bicos é que o lado extremo onde o Morbid joga não é propriamente o mesmo que jogava aqui há uns anos, ainda mais agora ou não estivessem eles com o nome cravado no top das listas dos albuns de DM mais vendidos de sempre, não fossem uma banda que criou um estilo e considerados durante anos como um dos maiores e mais influentes projetos..
Isto é claro que isto não vai passar claro e pesa muito, para alguns o album talvez seja uma obra-prima demasiado estranha para ser compreendida enquanto para outros não passa de uma autentica porcaria, não querendo julgar ninguem e fico-me pelos primeiros, porque lembro-me bem dos comentarios feitos no passado a musicas como God of Emptyness, Where The Slime Lives ou Eyes To See-Ears To Hear, só para citar algumas.
De volta ao trono?
Há muito que a Chapel of Ghouls está ocupada por sacerdotes que demoraram anos e anos e descobrir o ADN de obras como o Altar of Madness ou Covenant criando a partir daqui novos santos para os altares e ainda mais morbidos que o proprio anjo morbido..
Sempre podem se forem mais intolerantes, fazer uma gravação de um cd com: Existo Vulgoré,Blades for Baal,Nevermore,Beauty Meets Beast e apagar o resto.
Morbid Angel sempre foi uma banda de extremos e a sua carreira fala por si, nunca precisaram de polemica nas palavras ou atos a sua musica encarregou-se disso e este Illud Divinum Insanus é a prova cabal que Morbid Angel se rege num mundo meio á parte de tudo o resto até mesmo no seu proprio meio e mesmo sendo "mau" dá vontade de ouvir uma vez e outra vez e outra vez.

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