Elitist-Fear in a Handful of Dust



No ano passado a Paradigms Records enviou-me um daqueles mails que anunciam novos albuns e no meio da boa enxurrada que geralmente a editora assume vinha lá uma banda chamada Elitist. Descritos como Venomous doom grind horror os rapazes de Portland foram quase de imediato colocados debaixo de mira.
A faixa que ouvi era muito boa e resolvi comprar o ep, mas quando recebi o ep fiquei com uma daquelas sensações que ficam entre o delicioso e o ohhh..muito devido á curtissima duração do registo (pouco mais de 12 minutos) mas onde se sentiu logo ai que esta banda ainda tinha algo para dizer no futuro.
Pois bem o futuro é agora e desde que soube que tinham assinado pela Season of Mist, o Fear In A Handful Of Dust, tornou-se num dos albuns que mais aguardava, simplesmente porque aquilo que esperava era algo bruto e excelente.
Ok, isto não significa que as coisas sejam ou se tornem realmente como expectamos, mas esta rapaziada não desiludiu e confirma aqui as boas indicações deixadas á um ano atrás.
A sonoridade é violenta, mas com um toque de purismo extremo que geralmente não é muito usual encontrar nos dias de hoje, mesmo sendo este estilo ou melhor parte dele objeto de veneração por centenas de bandas.
A diferença está é na forma como a banda consegue unir o lado podre do Sludge onde se notam referencias que vão desde EyeHateGod até uns Crowbar até explodirem numa especie de Death-Metal de contornos obscuros que destroiem tudo á volta.
A Slowly Fucked And Force Fed é um bom exemplo daquilo que estou a falar imaginem o lado obscuro de uns Winter a pegar pelos colarinhos aqueles riffs lamacentos da movimento NOLA e a levanta-lo no ar com um sorriso totalmente demente nas trombas..
Mas se estas referencias adicionam algo mais, a base sonora continua envolta em nevoas escuras que muito devem a uns Converge (por ex) e aqui talvez não se entenda ainda muito bem aquilo que a banda realmente procura, mas usando esta formula o album torna-se num demoniaco registo carregado de odio e onde se destila veneno de varias formas e maneiras mas sempre com o objectivo mais que cumprido, sejam em faixas de um minutos sejam mas mais longas, estas mais ausentes..
A propria produção dá enfase aos temas criando por vezes a ideia que estamos frente a frente com banda e no seu espaço natural e o feedback das guitarras transmite a ideia que isto captado quase direto numa sala de ensaio.
Ora para uma banda que consegue mostrar isto num album imagino o poder que não devem atirar num concerto ao vivo ainda mais com material deste calibre...deve ser uma experiencia bastante perigosa mesmo.
Sem duvida um dos grandes albuns que ouvi este ano, não só porque conseguem unir as pontas de dois estilos que gosto bastante (Sludge e DM) mas porque conseguem fazer dessa união uma das mais interessantes jogadas musicais que iremos ouvir nos proximos meses e com resultados para lá de excelentes.
A frase The Flames and The Fires Consume Our Soul berrada na Cult Malevolence resume por palavras aquilo que aqui se ouve neste fantastico album..
Arde lentamente e consome como as labaredas do Inferno e deixa um cheiro a enxofre tão nauseabundo que se torna quase perigoso colocar isto a rodar se estivermos fodidos com a vida..ora que mais se pode pedir?
Nada, apenas piar fininho e deixa-los passar, mas se tiverem coragem de se colocarem á frente acreditem que vai doer e muito...
Essencial.
ELITIST - Human, All Too Human by Season of Mist

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