Falar de BM português nos dias de hoje é falar de Corpus Christii, uma das bandas mais antigas e consistentes do
pseudo movimento nacional.
Louvados por uns e massacrados por outros, os passos dados nos ultimos 10 anos pelo lider NH mesmo apesar dos constantes problemas transformados em polemicas idiotas, as usuais mudanças de line-up ou a atitude totalmente FOAD que o lider sempre puxou para si, transformaram o nome Corpus Christii num misto de excelencia vs decadência.
O passo apos o excelente
Rising poderia trazer uma banda de volta ao passado mais violento já que as indicações (soltas) que se iam apanhando falavam de uma sonoridade mais forte que puxava as redias para o
Black/Death de contornos mais abstractos e dementes.
Mas se notarmos bem, o material que a banda criou até hoje esses dois factores sempre estiveram quase sempre lado a lado de uma forma ou de outra.
O novo
Luciferian Frequencies é de facto um album diferente e na minha opinião com uma sonoridade mais atual embora continue com o toque (não direi unico) de Corpus Christii que os demarca um pouco daquilo que se vai ouvindo por ai..
Primeiras notas que se apanham logo nas primeiras escutas é a sonoridade mais lenta que a banda mostra, tentando entrar numa onda mais
vanguardista vinda do lado ortodoxo do estilo, tendo direito até a algumas ligeiras dissonâncias que lembram algum material mais hipnotico gerando por alguns nomes tão em voga atualmente, a ultima faixa (e uma das minhas preferidas) "
In The Rivers Of Red" é um exemplo disso mesmo.
Esta toada mais lenta poderá gerar alguma estranheza aos seguidores mais antigos ainda mais quando nalguns momentos se denota uma aproximação (ou melhor inspiração)
Doom á sonoridade mais caustica da banda.
Este é outro aspeto bem interessante deste album, denota-se que existe trabalho e dedicação na forma como se criam os pequenos puzzles que vão dar origem aos temas.
De outra maneira seria quase impossivel sermos chicoteados em musicas como a
"The Owl Ressurrection" ou
"Crystal Glaze Foundation", temas que conseguem misturar uma dinamica que percorre algumas sonoridades quase opostas (Black/Death/Doom) e transformando-as em autenticos hinos com o toque de Corpus Christii.
Mas se a nivel de som já deu para notar que o album segue um rumo mais variado, os vocais tambem não se ficam atrás, e os passos dados nos ultimos albuns aqui atingem uma especie de plenitude vocal que vagueia entre o usual sofredor e odioso com um rumo por vezes mais epico.
Não que agora se ouça algo na linha de um Alan Nemtheanga ou algo do tipo (nada disso), mas nestes temas a voz funciona como mais um instrumento, deixando de fora o normal|banal declame demoniaco (mais raivoso) para entrar de uma forma mais natural ao longo das inumeras correntes sonoras exploradas neste album.
È certo que todos estes factores juntos tambem invocam um sentido mais pessoal a este
Luciferian Frequencies, não sendo na minha opinião um daqueles albuns para se ouvir distraido ou apenas para bater o pé, aqui procura-se um pouco uma união (salvo seja) entre o ouvinte e a sonoridade, só desta forma se conseguirá entrar no espirito..
Se por um lado o aspecto satanico é mais que evidente (e uma das trade-marks), o notório desafio que a banda explora tambem o é.
Sendo que a união entre estes dois aspetos e da forma como aqui estão expostos não geram uma empatia muito facil ás primeiras escutas e não tornam o album de digestão facil..a coisa vai entrando lentamente e consumindo aos poucos.
Confesso que não gostei do que ouvi nas primeiras escutas, achei o album demasiado seco e algo salgado, só mas mais tarde é que notei que era aqui que estava realmente a
beleza da coisa.
È um daqueles albuns que provoca estranheza e algum desprezo aos primeiros toques, mas quando nos envolve é como uma serpente que sufoca toda a luz á nossa volta.
Deixem-se consumir..