Qui Incenditur-Doctrine of the Six Regions (Succession Through Fire and Ondulant Tribulations)


O album de Qui Incenditur é um registo estranho perdido entre dois mundos.
Mundos esses que se dividem entre o idealismo lirico onde o conceito marcadamente decadente da humanidade se afunda completamente na forma basica como nos é apresentada a sonoridade e logo aqui o registo em si perde quase o encanto obscuro que á partida poderia transmitir.
Não que os temas sejam maus ou sem qualquer tipo de substancia, porque de facto ela existe, o pior é mesmo a forma como se capta aqui o lado instrumental já que tudo aqui é feito digitalmente e como sabemos nos dias de hoje continua a ser um aspeto que mesmo apesar da proliferação das one man bands poucos conseguem realmente fazer com que se sinta de uma forma digamos transcendente, já que é um pouco isto que algum do BM mais ortodoxo (para tentar situar um pouco as coisas em relação a Q.I.) sempre procura quando as coisas são feitas numa especie de misantropia pessoal e meio elitista.
Pois bem dito isto, este é um daqueles albuns que se tivesse os dedinhos de Clandestine Blaze por detrás (já que a formula é pouco semelhante e até existem algumas nuances na voz do Gonius Rex que nos trazem á memoria o Aspa), provavelmente teria um sabor bem mais decadente (no bom sentido) , as ideias estão lá e os temas mesmo com a captação midi denotam ter substancia, mas não chega...
Os riffs tanto os mais crus como quando se usa alguma dissonância ainda conseguem fazer passar algumas coisa, mas é o enervante som da bateria totalmente e descaradamente maquinal bem como o som do baixo por vezes alto em demasia que destroi completamente alguns temas que poderiam soar de uma forma muito mais intensa como o caso da "Terra" ou a "Finis Temporis"...
Eu gosto de sentir que um album crie um ambiente hipnotico e puxe por mim, mas aqui essa tentativa de criar esses momentos perde-se e arrasta-se numa espiral que se embrulha nela propria acabando por destruir o album, dando a ideia basica que aquilo que estamos a ouvir não é mais que uma demo ou um pequeno esboço para algo bem mais interessante, prefiro pensar que é, e gostaria de ouvir alguns dos temas aqui presentes trabalhados de outra forma no futuro.
Resumindo é um album algo dificil se formos demasiado exigentes e nos dias de hoje temos mesmo de o ser para nós mesmo e para aquilo que mostramos aos outros.



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