Myrkur - Myrkur


Myrkur significa numa tradução literal "escuridão" e embora o peso da palavra seja como é obvio forte a sonoridade deste projeto dinamarquês é tudo menos negro ou pelo menos não tão demoniaco como se esperaria.
Dito isto tambem não é muito normal encontrar algo deste genero numa editora como a Relapse ainda mais com um suposto low-profile no que diz respeito ao projeto em si, mesmo tendo uma rapariga aos comandos de Myrkur.
A sonoridade não é propriamente original nem se centra no extremismo de uns Møllehøj (por exemplo), mas os pontos de ligação acabam por ser os mesmos nas suas influencias embora Myrkur entre por caminhos mais etereos.
No press-release da editora fala-se em algo entre os primordios de Ulver, Deafheaven e Alcest, três nomes mais que suficientes para chamar a atenção de muitos e afastar outros tantos, mas bem vistas as coisas aquilo que Myrkur aqui mostra acaba por ser bastante interessante mesmo caindo por vezes e de uma forma perigosa para o lado mais maisntream/Indie de um suposto Black-Metal que muitos hoje em dia ouvem.
Isto não é mais do que um upgrade musical já explorado num passado não muito distante por Ulver dos tempos das florestas ou pelo paganismo de Hagalaz Runedance ou algum neo-classico austrico com ligações a Dargaard e afins..isto na maneira como as faixas nos colocam numa qualquer floresta nordica respirando aquelas sonoridades de algumas bandas da segunda vaga do BM como Satyricon ou Ulver, se não acreditam ouçam com atenção a aura da faixa que fecha o ep "Må Du Brænde i Helvede" e tirem as vossas conclusões.
O que fica é que a sonoridade não soa falsa, desfazada da realidade ou influencias que são impossiveis de não associar ao projeto, transformando este ep numa experiencia bastante agradavel, sincera e porque não viciante para quem gosta deste genero de ambientes não tão extremos mas com as mesmas bases de algum BM que se ouve nos dias de hoje onde muitos tentam juntar cada vez mais peças estranhas num estilo onde já quase tudo foi feito com menor ou maior qualidade.
A delicadeza elfica dos vocais quase uma versão feminina de Alcest e bastante mais interessante, diga-se (conferir a "Dybt i Skoven" por ex) e a forma como interage com toda esta amalgama sonora acaba por ter um resultado brilhante na minha opinião, mesmo para quem não goste da abordagem Indie que por vezes ecoa nos riffs e que vos possa remeter primeiramente para alguns instrumentais de Liturgy, Alcest ou Deafheaven.
Como já deu para notar e mesmo sendo um ep bastante curto tem muito para ser explorado, dissecado e absorvido mesmo sendo obvio que se tornará numa especie next-big-thing.
Estranho ou não depois de ouvir o trabalho de Myrkur sem duvida que merecem todo o hype que estão a criar á sua volta...e sejamos sinceros alguem que mostrasse que antes das florestas do Noroeste Pacificio comecarem a ecoar pelo movimento moderno estas sonoridades começam no Norte da Europa.
Recomendado!


1 comentário:

Anónimo disse...

Sou nova no BM mas acho muito lindo isso de levar o estilo a sério e de alargar suas vertentes! Sinceramente acho uma melhoria esse "naturismo" e essa beleza artística de alguns videos e músicas! E a fuga da corpse paint/demônio só mostra que o estilo ainda tem muito a crescer! Há espaço sim para bandas novas e as mais tradicionais! Belíssimo! (by Abul Mazar/ Brasil)