Xasthur-Portal of Sorrow



Ora bem Xasthur....
Falar/criticar acerca dos albuns de Xasthur não é algo muito agradavel, primeiro porque a abordagem com que o Scott Conner encara o BM não é nada doce e segundo a coisa continua a ser dos poucos a construir musica com uma estranha sensibilidade e que por vezes nos dá autenticos nós na garganta.
O Portal of Sorrow (que é o canto de cisne do projeto) apenas vem confirmar mais uma vez todos estes aspetos e quem tiver a oportunidade de viver este pesadelo sonoro, vai precisar de um estomago bem forte, porque a carga venenosa aqui presente não é (mais uma vez) para todos.
Mas antes de mais está-se a falar de Xasthur e da tal maneira de criar BM que falei, nada bonitinha, nada trendy ou whatever...
Na minha opinião este album é das coisas mais arriscadas, assustadoras, de digestão dificil para não dizer enjoativa criadas pelo Malefic.
Quando soube que a Marissa Nadler iria ter um papel preponderante neste album e depois de ouvir a musica da senhora, nem sabia o que pensar, porque os dois musicos estão em dois mundos quase opostos e ou faziam algo verdadeiramente intenso ou caiam no erro de embelezar o album com substancias que nada tinham a ver com o universo Xasthur.
Pois bem o que o Malefic acabou por fazer foi nada mais que usar o fantasma da senhora e dissolve-lo pelo album, já que o toque rustico e solitario que a voz dela dá as musicas aqui presentes acabam por ter algum impacto e resultam bem, mesmo com uma participação vocal que deambula entre ghost choir e o spoken word consegue chocar com as cortantes projeções astrais tipicamente Xasthur acabando por "demonizar" totalmente o album.
Como já deu para entender o Portal of Sorrow não é um album para ser ouvido em convivencia ou em familia, nem para muitos sorrisos, nem para qualquer um, nem será um marco do estilo, mas é algo criado com um delicioso toque de mau gosto funerario que nos consegue unir com a musica, e neste aspeto achei curioso o certo ambiente Nortt que aqui se sente, não que seja uma novidade...
Musicalmente é algo bastante simples, por vezes tosco mesmo e parece estar dividido em duas partes, uma primeira mais suave e a final mais agreste e bem mais interessante na minha opinião.
Metade dos temas parecem construidos para absorver apenas a voz da Nadler, mas onde realmente as coisas funcionam é a partir do meio do album até ao final, já que é aqui que o lado mais agoniante e bizarro de Xasthur ganha mais interesse...
Um dos males deste album é mesmo a duração, porque acabamos por perder um pouco as mãos dentro das vestes brancas da Nadler enquanto lhe acariciamos o corpo frio, menos 3 ou 4 faixas não ficaria nada mal e uma sessão mais extrema de necrofilia entre as duas vozes como acontece aqui em alguns temas acredito que daria um carisma ainda mais macabro ao album.
Por poucas palavras aquilo que se pode dizer do funeral de Xasthur é que podia ser melhor, mas mesmo não sendo consegue mostrar mais uma vez o porquê da visão que o Corner tem acerca da musica.
Escutem apenas nos vossos dias mais fodidos e na mais completa solidão....porque só ai as coisas ganham efeito...
http://www.mediafire.com/?tuqkmbcyzmd

3 comentários:

Neburis disse...

Álbum bastante difícil mesmo...continuo a dar muitas voltas com isto, mas torna-se uma dicotomia de sentimentos e uma mescla de ódio/amor que acaba por cansar bastante.

::ZyK:: disse...

Acho que é mesmo isso que se pretende aqui.

Vaargseth disse...

Álbum bastante interessante... e que pesa bastante em termos de sentimentos. Gostei do álbum, mas, como tu mesmo disses-te, foi preciso umas duas semanas a ouvir o álbum (com breaks claro lol) para conseguir digerir o álbum integralmente. Fico triste por ser o último trabalho de Xasthur, mas fico com boas (ou más) recordações...